domingo, 15 de maio de 2011

Relativismo ou objetivismo?

Antes de mais nada a distribuição, pelo MEC, de livro que faz uma defesa do uso da língua popular, ainda que com erros, nos remete à discussão entre relativismo e objetivismo.
Política e formação do país a parte, o relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma idéia absoluta, categórica. Afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.
Na verdade, mais especificamente, é um ponto de vista diametramelmente oposto ao etnocentrismo, que leva em consideração apenas um ponto de vista.
Nietzsche afirmou: "o mundo para nós tornou-se novamente infinito no sentido de que não podemos negar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de interpretações". Foucalt objetou: "Se a interpretação nunca se pode completar, é porque simplesmente não há nada a interpretar... pois, no fundo, tudo já é interpretação".
Creio que somos levados a reconhecer que a racionalidade científica não garante a formação do consenso, no sentido de que existem legítimos desacordos racionais na ciência. Nem todo procedimento racional produz consenso, assim como nem todo consenso é racionalmente fundado (por exemplo, o consenso obtido por coerção). Mas então como devemos explicar a mudança científica, a formação do consenso em torno de um novo paradigma científico? Na minha visão, a solução não está em negar o relativismo cognitivo, mas sim em reconhecer os limites do que pode ser estabelecido em um debate racional, mesmo no domínio da ciência.

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