quarta-feira, 27 de abril de 2011

Exposição: A arte e a cidade.

Essa necessidade de seguir criando, me remete ao poeta Ferreira Gullar: “A arte existe porque só a vida não basta”. Erickson Britto.

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A exposição do artista paraibano Erickson Britto reúne 30 obras, entre esculturas, maquetes de obra pública, objetos e jóias e traz para discussão os temas “Arte” e “Cidade”. A realização no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro dá seqüência à itinerância da mostra. Os trabalhos, realizados em diferentes períodos, vão se complementando em cada mostra, para formar uma linguagem única da obra do artista, que está completando 30 anos de produção.

Ainda na infância, a primeira visão aérea de João Pessoa criou a identidade conceitual de sua arte: o espaço público. Composições geométricas agrupadas, com inclinações e arquiteturas diferentes, o colonial, o barroco das igrejas, edificações dos anos 1950... Todas essas formas e equilíbrio o impressionaram profundamente, potencializando o destino da sua obra e ativando um mecanismo de observação da tridimensionalidade e da percepção da volumetria dos equipamentos urbanos, também de outras cidades do Brasil e do exterior.

“Quando criança, ao observar a cidade do edifício mais alto de João Pessoa, uma sensação me marcou: o traçado da cidade, ruas, casas, praças, edifícios, galpões, ginásios cobertos, placas sinalizadoras e fábricas formavam desenhos em blocos compactos com seus telhados de diversas águas... Eu sempre tenho a sensação, no momento da criação, que todo projeto executado é sempre um protótipo de algo maior, para um espaço mais democrático, para o público que circula nas cidades. No meu percurso artístico, procuro resgatar a história e o urbanismo daquela cidade inicial, na tentativa de reordená-la plasticamente, com o uso do aço polido, na maioria das vezes, do que restou após tantas mudanças nos estilos arquitetônicos das construções originais”, diz o artista.

Entre os trabalhos que integram a exposição, destaca-se a obra pública “Saudação ao Sol”, premiada em concurso realizado pela Prefeitura de João Pessoa. São seis totens intensamente vermelhos, maciços e densos – evidentemente projetados para encararem o sol onde ele nasce primeiro nas Américas: João Pessoa – e que encheram os olhos e a imaginação de todos, pela força de sua presença, além da clara mensagem de veneração à vida. O coletivo sem especificação de cor, sexo, raça, representado por seis e não apenas um totem, o ambiente e o sol incorporados ao seu conceito. Impossível chegar mais perto da essência do que somos e do que precisamos: a vida e a luz. Impressionou a capacidade de dizer tanto com tão pouco. Tivemos, naquele momento, a certeza de que acabava de surgir um novo poeta da forma“.

A mostra traz ainda comentários do também curador Ricardo Resende, do museólogo Osvaldo Gouveia, da arquiteta e designer Janete Costa e do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx.

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