Em 1.973, com 14 anos, eu fiquei indignado vendo a tristeza de minha mãe, professora estadual, tendo que seguir uma "determinação superior", exigindo a aprovação de todos os estudantes no antigo primeiro grau, além de ter que lecionar as novas disciplinas, Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira, ao invés de História.
Em 1.977, com 17 para 18 anos, aprovado no vestibular para engenharia, iniciei o curso e me incomodava ver uma viatura policial não caracterizada, observando-me, juntamente com meus colegas, enquanto bebíamos cerveja e cantávamos Vandré, no bar da esquina, às sextas feiras.
Em 1.978, eleito para o Centro Acadêmico da faculdade, fui chamado à reitoria, na presença de "estranhos" observadores, por ter criado um informativo, com o nome de Liderança e publicado no primeiro número, uma matéria com Darcy Ribeiro sobre a educação no Brasil. Descobri muitos anos depois que fui fichado no extinto DOPS, Departamento de Ordem Pública e Social, onde muitos, inclusive alguns colegas meus, sofreram...
Bem, minha educação e minha visão de mundo, nunca me permitiram radicalizar ou aceitar os colegas que radicalizavam.
Em 1.980 (eu já trabalhava desde 76), concursado, ingressei na Companhia Docas de Santos e participei da primeira greve no Porto de Santos, desde 64, chegando a enfrentar meu finado tio avô, que à época era chefe de segurança da companhia, acreditando em minhas convicções.
Em 1.982, ano em que o PT foi oficialmente criado, também concursado, ingressei na PETROBRAS, aonde meu amado pai trabalhava desde 1.953 (ainda CNP), em turno e em área de risco.
Em 1.984 e até 1.994, respeitei e fiz todas as greves, partilhando decisões sindicais, ditas como "da categoria". Porém, por mais idealista que fosse, logo estava percebendo os artifícios baixos usados pelo "sindicalismo" brasileiro, pelego e barato e compreendendo o que meu pai dizia: No Brasil, o sindicalismo não é sério, meu filho...
Em 1.995 recusei uma promoção por achar que estaria ferindo meus princípios, já que eu não preenchia todos os requisitos necessários e acreditava que não contribuiria para a companhia pois não teria o respeito dos meus futuros subalternos. E isso, mesmo diante da oferta patronal de passar por cima dos requisitos porque, naquele momento, precisavam (sic) dos meus préstimos.
Em 1.996 fui convidado a ser coordenador e aceitei, feliz por ter sido fiel aos meus princípios e ter recebido a recompensa da empresa.
Meu pai desde cedo me ensinou muito mais do que o valor, mas a importância e a necessidade do trabalho. Ele, que, entre as décadas de 60 e 70, apesar de empregado na estatal, teve mais duas atividades, a fim de prover à família aquilo que lhe havia faltado um dia, como arrimo de família, que engraxara sapatos e vendera bilhetes de loteria pelas ruas, na década de 40.
Recebi todas as lições de que precisei, ouvindo frases, como: "Não basta ser honesto, meu filho; tem que parecer honesto". "Vivemos num país em que as pessoas tem que aprender a não ter vergonha do que tem e sim, de como obteve."
Quando ele aposentou, o dinheiro que recebeu, referente a fundo de garantia e aplicações financeiras, juntadas com muito suor, foram bloqueadas pelo então presidente Collor, posteriormente vítima de impeachment apoiado fervorosamente pelo PT. Ainda assim, meu pai dizia, cuidado, no Brasil o sindicalismo não é sério; é mal intencionado, pelego e joga com as mesmas armas da chamada extrema direita. E, claro, sindicalismo e PT são coisas que se confundem.
Os anos passaram, meu pai foi embora para outro plano e ficou absolutamente claro no meu dia a dia, que o sindicalismo usava de artifícios, no mínimo, duvidosos, tentando justificar os meios pelos fins. Vivenciei eu próprio, ações e atitudes espúrias por parte da chamada esquerda, através daquele tipo de sindicato, sempre tentando passar por cima de todos, de forma exatamente igual aos que acusava.
Apesar de tudo e mesmo assim, ainda depositava esperanças nessa chamada esquerda, acreditando que tudo poderia melhorar e as desigualdades e explorações poderiam ter fim.
Em 1.999 passei a trabalhar com tecnologia, combustíveis especiais e acompanhei a Petrobras tornando-se, a maior empresa do hemisfério sul. Vibrava e a defendia com fervor!!
Em 2002 cheguei a me emocionar quando Lula foi eleito...
Mais uma vez, com o passar dos anos comecei a perceber, que a meritocracia perdia espaço cada dia mais e de forma nunca antes vista com outros partidos no poder. Se antes indicavam as pessoas para funções diretivas, de gerência executiva e algumas gerências gerais, de repente, o PT, além daqueles cargos, começou a indicar também os gerentes, gerentes setoriais, coordenadores e até os supervisores operacionais...
Lógico que os problemas começaram a surgir e a maior empresa do hemisfério sul começou a ficar mais e mais vulnerável.
Em 2002, também, fui convidado a trabalhar na área de planejamento e lá, mesmo sendo apenas mais um, na sede, comecei a assistir a investidas políticas cada dia mais ousadas.
Em 2003 já chegavam propostas e pedidos às áreas da companhia, totalmente descabidos e que geralmente não resistiam sequer as análises mais básicas, mais primárias, de viabilidade técnica. Comecei a presenciar os ex-sindicalistas ocupando posições técnicas e estratégicas na sede, sem o menor preparo e sem a menor noção de trabalho...
Entre 2004 e 2005 assisti a criação de uma gerência executiva, com dezenas de gerências gerais, gerências, gerências setoriais e coordenações no seu organograma, ocupada por quem até chorou em rede nacional menos de dez anos depois, alegando não ser responsável...
Em 2007, já em outra área, fui convidado a ser gerente setorial, por meus méritos e aceitei.
Em 2008, indicado e aceito pelo corpo técnico para ser gerente, acabei preterido no último momento, por não ter aceitado prestar contas ao sindicato. Aliás, cheguei explicitamente a receber essa "sugestão" por parte de um gerente, até hoje em função de confiança, oriundo dos quadros sindicais...
Em 2009, optei por entregar a gerência setorial e retornar à sede, me preocupando mais com minha vida pessoal.
Em 2012 me aposentei e continuei trabalhando, por adorar minhas atividades.
Em 2015, com responsabilidades gerenciais, ainda que sem nomeação oficial, e com atuação na cadeia de qualidade de produto, resolvi deixar a empresa definitivamente, através da demissão incentivada, compreendendo que a Petrobras não é e talvez nunca mais volte a ser, a mesma empresa.
Ainda assim, sempre estarei na torcida para que as pessoas sérias e bem intencionadas que nela se encontram, consigam reverter o quadro atual.
Hoje, assim como meu pai, sou mais um aposentado roubado, já que os sindicalistas tomaram conta do meu fundo de pensão e o espoliaram.
Ele foi roubado pela chamada direita, eu por aquele que representava as esperanças de mudança, de saneamento, o PT....
Por que sou revoltado com o PT?
Porque foi a esperança da minha geração, de melhoria social e de maior respeito a cidadania no Brasil.
Porque foi a esperança de demolição do "status quo" vigente desde a época do Brasil colônia.
Porque ao invés de extirpar o câncer, permitiu a metástase, adoecendo todo o corpo.
Porque ao invés de combater o crime, criou uma organização criminosa muito maior.
Porque só consegue se defender, acusando, já que possui em seus quadros e entre seus defensores, pessoas que só conseguem vociferar contra os outros, sendo absolutamente incapazes de provar sua inocência, em todas as acusações.
Porque inseriu pessoas na Petrobras sem condições de exercer atividade séria, bem como para roubar a empresa, se aproveitando, também, de algumas já existentes. Até gerente que choramingou na mídia, quando na verdade foi responsável por muitos desvios.
Porque hoje conheço pessoas inteligentes e bem intencionadas, a maioria 10, 15, 20 anos mais novas do que eu e que também desejam o melhor para o país, mas que continuam defendendo essa organização criminosa, travestida de partido político. Porque, creio eu, é gente que não viveu os dois momentos políticos do país e que se acha com consciência política, baseada em meias verdades oriundas do sindicalismo, não da classe trabalhadora; dos livros de "história", não das realidades vividas pela nação...
Porque os casos de corrupção se tornaram tão escandalosos quanto indefensáveis, "obrigando" a apuração, já que viraram tapas na cara do cidadão decente.
Porque em tempos de optar pelo menos ruim, o PT jamais será essa opção!!
Porque criou condições e clima social e político para a privatização da tecnicamente eficiente PETROBRAS, tão querida e defendida por gente como eu e como meu pai, loteando-a e extorquindo-a como se fosse sua propriedade. Tudo o mais que possa ser dito é insignificante perto do que fizeram na companhia. Praticamente "prepararam" a privatização, com tudo o que fizeram na empresa...
Crime, em todas as esferas, inclusive dentro das estatais, sempre houve e muitas vezes até já conhecíamos os criminosos, aguardando o dia em que o PT iria acabar com eles.
Ao invés disso, ele optou por comandar a criminalidade e nunca se viu tanto roubo neste país!
E, mesmo no comando, o PT foi tão ganancioso, tão sem noção, que hoje se vê, praticamente, sem apoio de nenhum dos outros criminosos...
Por tudo isso, clamo e desejo a cassação do registro desse "partido"...