sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A profissão mais honesta.

Como já fui um empregado concursado, creio que tenho direito de resposta ao ex presidente da República, Lula, diante da declaração de que a profissão mais honesta é a de político, pois quem é concursado tem emprego garantido para o resto da vida e pronto. Bem, vamos lá.

Fui concursado, aliás, por duas vezes, em grandes empresas, sendo uma delas estatal e posso afirmar com convicção que para chegar lá, estudei, me dediquei, fiz provas de algumas horas de duração, passei por avaliações médica e psicológica, algo a que os políticos não são obrigados. Acrescento que a taxa de inscrição foi paga integralmente por mim e, importante: tive que apresentar, além da comprovação de estudo, atestado de bons antecedentes, o que já inviabilizaria a prestação do exame por parte de muitos políticos...

Numa segunda etapa, mais de um ano depois do resultado, tive que passar por um processo classificatório interno, sem remuneração e sem sequer ter sido admitido ainda. Esse processo eliminou alguns candidatos, mesmo após a aprovação inicial e foi, exclusivamente, por critérios técnicos.
Olha, garanto que não adianta tentar prometer algo aos avaliadores, desqualificar os outros concorrentes, muito menos propor alguma vantagem posterior, durante o exercício da profissão, tipo, parte do salário, algum tipo de bolsa ou algum tipo de assessoria ou secretaria, até porque é impossível nomear alguém. Ah, saiba que tive que deixar o emprego que tinha, para isso...

Na sequência, após essa nova "peneira", passei um ano como estagiário, até ser de fato efetivado.
Muitos políticos, caso tivessem que passar por um estágio, provavelmente não conseguiriam ser efetivados...

Daí em diante, sempre recebi meu salário em dia, porém, um salário que nunca me permitiu adquirir algum sítio ou triplex na praia, até porque nunca ninguém me financiou, a não ser a renda do meu próprio trabalho...

No meu caso, ainda um detalhe: o trabalho não era em escritório. Tratava-se de atividade de alto risco, daquela em que os bancos não aceitam fazer seguro de vida e em regime de turno de revezamento. Aquele regime de trabalho que atrapalha a vida social da gente, sem falar na vida familiar. Políticos escolhem seus horários e trabalham quando assim o desejam...

Nunca tive auxílio moradia, a não ser quando o local de trabalho era alterado por interesse da empresa e, ainda assim, recebido temporariamente, muito menos passagens aéreas para visitar minha cidade ou algum parente...

Nunca tive algo como imunidade parlamentar e poderia ser responsabilizado por qualquer ato, de imediato, estando sujeito a comissões internas e punições em caso de comprovação de erro, independente de dolo...

Vi pessoas serem demitidas por baixa produtividade. Eu próprio assinei uma delas. Vi pessoas perderem seus cargos por erros, apesar de comprovada ausência de dolo...
Durante o exercício de funções gerenciais, ao invés de maior tranquilidade ou alguma imunidade, as cobranças aumentavam e qualquer falha poderia configurar falta administrativa, perda da função e demais punições...

Trabalhei durante 34 anos na empresa, sem ter atrasado ou faltado um dia sequer, a não ser em dois momentos com graves problemas de saúde que geraram internações hospitalares e as devidas licenças médicas. No caso dos políticos, basta ir à rua de 4 em 4 anos, pedindo votos e exibindo obras que nem sabem explicar como foram feitas, além de contar com apoio financeiro de terceiros, para se manter na "atividade"...

A aposentadoria veio após 40 anos de trabalho, resultando em pouco mais de 60% do benefício máximo do INSS, felizmente complementado por previdência privada para a qual contribuí mensalmente, durante 34 anos, com quase 15% do meu salário e continuo contribuindo com cerca de 10% até hoje. Aliás, provavelmente a partir do ano que vêm terei que arcar com os custos do prejuízo do meu fundo de pensão, causado, pasme, por políticos como o senhor...
O plano de saúde eu continuo pagando...

Como patrimônio, minha residência, o meu último carro, comprado 7 anos atrás e a condição de poder viajar algumas vezes.
Dívidas, apenas aquelas geradas justamente pelos políticos, péssimos e despreparados, ou seja, impostos excessivos e sem retorno, tarifas públicas extorsivas para uma péssima infra estrutura...
E agora, Lula, te lanço um desafio, que você mesmo, na sua fala, dá a entender como fácil:
PASSE NUM CONCURSO!!

Finalizo com a frase do escritor e psicólogo português, Antonio Lobo Antunes:

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