sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Mudança na aposentadoria

Sei que posso ser considerado suspeito para falar sobre aposentadoria porque já estou aposentado, mas, vamos lá.
Na verdade, aposentei em 2013, após 40 anos de trabalho, sendo 36 com registro em carteira e, destes, 20 anos em atividades perigosas, insalubres e em turnos de revezamento. Tinha então 54 anos e continuei trabalhando mais 2 anos e meio, porque me achava novo para parar e só resolvi fazê-lo, após uma experiência de três paradas cardíacas e 4 meses de UTI hospitalar. Explico que nada teve a ver com idade e sim com o vício do tabagismo.
Adorava meu trabalho e só me ressentia da cada vez pior qualidade de vida, proporcionada pelas cidades grandes brasileiras, para continuar trabalhando.
No primeiro sistema previdenciário, de 1934, do governo Vargas, a idade mínima para a aposentadoria era de 65 anos e a expectativa de vida era de menos de 40 anos. Hoje, está sendo proposta, novamente, a idade mínima de 65 anos e a expectativa de vida é de 78 anos...
Na verdade, o Brasil possui uma das mais baixas médias de idade para aposentadoria do mundo, com 57,5 anos, sendo que em países como França e Argentina, a idade mínima é de 65 anos, 66 nos Estados Unidos e 67 na Grécia, que, aliás, elevou em 2015, porque até então era de 57 anos e o país estava economicamente "quebrado". Em países como Rússia, China e Índia, a idade mínima para aposentadoria é de 60 anos. No Canadá, Chile e México, a idade mínima é de 65 anos. Em resumo,no mundo inteiro está entre 60 e 65 anos.
Então vamos lá. O Brasil está economicamente estagnado, a Previdência está a beira da falência, com um déficit que em breve não caberá no orçamento da União, o crescimento vegetativo, como na maior parte do mundo, diminuindo ano a ano, com cada vez menos gente economicamente ativa a sustentar inativos e isso é problema até nas maiores economias do mundo. Gente, isso é economia básica...
Aliás, acrescento que não ganho pelo teto de aposentadoria, mesmo tendo recebido um ótimo salário a maior parte da vida e contribuído sempre pelo teto e devo cerca de 80% da minha renda, hoje, à previdência privada, para a qual contribuí,durante 34 anos, com 14% do meus rendimentos mensais e continuo contribuindo mesmo aposentado, com cerca de 9% do que recebo da seguridade privada.

Bem, voltando,  por que tanta revolta com a proposta de alteração da idade mínima para aposentadoria??
Por que esse oportunismo acusando a saída do PT do poder, como responsável pelas novas propostas? Afinal, já não temos o fator previdenciário, defendido e apoiado pelo próprio PT, lembram-se?
Isso sem entrar na questão da provável redução da minha aposentadoria a partir do ano que vêm, causada pela gestão fraudulenta da minha previdência privada, por parte do governo corrupto recém apeado do poder...

Eu poderia trabalhar mais 8 anos, para completar os 65 anos propostos e ter direito a me aposentar pela nova regra? Sei que sim, mesmo após o que passei em 2014.
Aliás, eu teria continuado mais uns anos, não fosse o aparelhamento feito pelo partido, até então detentor do poder, na empresa em que eu trabalhava e a destruição resultante, com o fim da meritocracia e o total desequilíbrio financeiro resultante dos esquemas de corrupção.
Claro que eu não gostaria de me ver obrigado a trabalhar esses anos a mais. Ninguém gostaria e ninguém quer, mas, qual a alternativa?
O país, quebrado, não conseguir mais pagar as aposentadorias e ficarmos, quase todos, a míngua?

Lembrei da frase: "Envelhecer é ruim, mas a outra opção é muito pior"...

2 comentários:

  1. Perfeito este texto, só acrescentaria que devemos ter isonomia entre todos os brasileiros, criar uma única regra, a previdência não pode mais ter privilégios para funcionários públicos, políticos, juízes, ministério publico, etc., todos temos que estar na mesma regra: pelo menos 35 anos d contribuição, 65 anos de idade, e teto de 10 salários de referência. Se não for assim, somente os trabalhadores da iniciativa privada que realmente produzem é que vão arcar com as mudanças.

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