quinta-feira, 30 de setembro de 2010

À L'Aventure

Insatisfeita com seu estilo de vida, mais particularmente, insatisfeita sexualmente com o namorado Fred, Sandrine (Carole Brana, linda!) decide encontrar um novo caminho na vida. Sente-se intrigada com sua amiga Sophie, que conta sobre a experimentação sexual e vai de encontro a novos prazeres e novas experiências, sejam elas físicas físicas ou espirituais.
Brisseau mexe conosco, mesmo com aqueles que sabem que tudo faz parte do universo de um filme. Os últimos filmes de Brisseau falam exatamente da perversão e do prazer em observar pessoas que observam outras, e ao observar outras, observam a si mesmas. Ele fica num meio caminho entre um sábio místico e um grande charlatão oportunista. Combina sexo com poder, quer arremessar na cara do espectador, sem meios tons, a possibilidade de viver em liberdade desfiando na tela supostos tabus, e como o sexo desperta fios íntimos do corpo e da alma, e como viver em liberdade plena é impossível, é nos aproximar do suicídio e da loucura (sem falar na marginalidade), ou ainda, como a sociedade irá reprimir com violência a possibilidade de vivermos em liberdade, de não sermos domesticados, de vivermos de forma plena. Falso pornô soft, filmado com uma decupagem simples, falso charlatanismo, como a própria hipnose nos parece apontar, falsa filosofia de botequim. Filme de falsas aparências, filme sobre a possibilidade do êxtase num mundo materialista (ou esse êxtase seria apenas loucura?).
A L'Aventure é um Brisseau: coerente e fantástico!

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