Impressionante o fato de Casablanca
Humphrey Bogart é dono de um famoso bar localizado em Casablanca, Marrocos, rota de fuga para quem deseja escapar da Guerra e seguir para a Europa. Ele leva seu negócio com maestria, sem problemas com os guardas e dando a segurança necessária aos seus clientes, tudo embalado pelas mais belas canções tocadas por Sam, seu fiel amigo. Quando um amor muito mal resolvido do passado (Ilsa, vivida por Ingrid Bergman) chega ao seu bar, ele deve decidir se deve ajudá-la ou não a escapar junto com seu importante marido.
Os roteiristas trabalharam incansavelmente no roteiro e não tinham um final para a história até pouco antes da seqüência ser filmada. Isso chegava a irritar Ingrid Bergman, que sempre perguntava aos roteiristas: "Por quem eu devo demonstrar mais amor?", e ouvia um "Interprete de forma ambígua. Quando tivermos um final, você vai ser a primeira a saber" em troca.
Óbvio que Humphrey Bogart não é nenhum galã, mas ao lado de Ingrid Bergman, quem não fica mais charmoso? O homem com mágoas do passado, que deve decidir por um grande amor ou uma causa maior para todos é sua melhor performance nas telas. O que deixou Rick imortalizado foi o seu humor ácido e o jeito cafajeste de tratar a tudo e a todos, mas sem nunca parecer arrogante ou antipático. É a mais perfeita escola de anti-heróis de Hollywood.
Outro personagem interessantíssimo e que tem grande presença no longa é o Capitão Renault. Suas cenas são engraçadas, revoltantes, e mostram bem como tudo funcionava em Casablanca.
Mesmo com tanta alteração e indecisão no roteiro, é impressionante o número de diálogos inteligentíssimos e no tempo certo. Pra mim, o filme com os melhores e mais memoráveis diálogos da história do cinema, muitos deles com um toque de cinismo. Quem nunca ouviu falar de "Estou de olho em você, garota" e inúmeras outras passagens do longa? É uma mistura deliciosa de ação, policial, drama e, a mais marcante de todas as características, o romance. Um 'eu te amo' não soa piegas por aqui. É o amor à moda antiga, embalado e digerido da melhor forma possível, mesmo tanto tempo depois. Um filme que poderia estar datado, afinal, se passa durante a Segunda Guerra Mundial. Mas ao invés de se concentrar na época, os personagens apenas a vivem, então sua atemporalidade está nas ações e não no ambiente.
Como era um filme menor do estúdio, Casablanca viveu grandes problemas, principalmente na parte orçamentária. Tudo tirado de letra por Michael Curtiz, que nunca foi tão bem assim com atores, mas como técnico, não havia outro diretor igual. Seus impressionantes movimentos de câmera, somados à uma fotografia linda que aumenta de forma bastante expressiva o contraste entre preto e branco, tornam tudo ainda mais inesquecível. O que dizer da última seqüência, feita com um avião de madeira e anões, para dar escala ao cenário, sem nunca transparecer aos olhos do público? Ele realmente era um gênio, e o seu modo de resolver os problemas junto à produção é um exemplo até os dias de hoje.
E o que falar da trilha sonora? As time goes by é maravilhosa!
Por que Casablanca continua tão bom, mesmo com o passar de tantos anos? Talvez pelos personagens marcantes, pelos diálogos inesquecíveis, pelo romantismo constante, pela parte técnica inigualável... O leque de opções está aberto, cabe a quem assiste decidir qual das opções lhe parece mais conveniente.
Pra mim, a decisão pouco importa. Casablanca é eternamente apaixonante como um todo.
"We still have Paris".
O filme perfeito!!!
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