sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ilha do medo

Scorsese a todo vapor! Filme forte e envolvente.

Surge do meio da neblina, como o carro no começo deTaxi Driver, a balsa que leva o agente federal Teddy Daniels à Ilha do Medo. Se o autor do livro que serve de base ao filme, Dennis Lehane, já dizia que a sua ideia era homenagear gêneros, dos filmes B aos terrores góticos, na adaptação Martin Scorsese também abraça as múltiplas referências - a começar pela referência a si mesmo.

A neblina é um enigma, simboliza um tormento. Descobre-se que Teddy está chegando ao presídio psiquiátrico na ilha Shutter, acompanhado do agente Chuck, não só para investigar o desaparecimento de uma paciente, como também para resolver questões particulares que o assombram desde a morte de sua esposa, Dolores.

A partir daí a colagem de referências é forte e parece que Scorsese está jogando pistas falsas para provocar interpretações do espectador. Filme de guerra (seria o hospital uma espécie de campo de concentração?), filme policial (estaria Teddy, como todo detetive de noir, sendo vítima de uma conspiração?) e filme-delírio (o que afinal é real na Shutter Island?) se misturam. Até o título nacional, que sugere um suspense sobrenatural, entra involuntariamente nesse jogo de espelhos.

Scorsese passa do sublime ao desastroso sem se abalar.

No fim, olhando para os trabalhos do diretor na última década, recebidos de forma amistosa pela crítica e pela mídia, não é difícil aferir que Ilha do Medo é o mais ousado, para o bem e para o mal.

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