Publiquei minha tradicional mensagem de Boas Festas e no dia seguinte perdi meu anjo da guarda. Então republico, acrescentando o ocorrido...
Mais um ano findando e, como não poderia deixar de ser, registro minha já tradicional mensagem de Boas Festas.
Para mim, 2016 foi um ano de experimentação, curtindo as pequenas coisas do dia a dia após encerrar minha história profissional, pois aposentado eu já era desde 2012. Cuidar da minha casa, dos cães, a convivência com a vizinhança, a administração do condomínio e, claro, sempre que possível, viajando pelo Brasil e pelo mundo. Afinal, viajar é preciso...
E após ter me desligado do trabalho, percebi o quanto deixamos de fazer, por termos nossos dias tomados pela labuta profissional. Alguns colegas me disseram ter sentido tédio, após um tempo do desligamento profissional, mas não consegui confirmar essa sensação, pelo menos por enquanto. Cuidar com atenção e carinho da casa da gente, ocupa e dá prazer, bem como provê-la no dia a dia. Sem contar a oportunidade de ler mais, apreciar mais filmes, acompanhar mais atentamente o "andamento do mundo", viajar a qualquer hora...
Algumas decepções, claro, fazem parte da vida.
E a pior delas, dia 19 de dezembro, anteontem, quando perdi meu anjo da guarda, meu guardião, meu cãopanheiro, pelos últimos 6 anos e meio...
O ano de 2016 nos apresentou ao segundo
impeachment de um presidente na história do Brasil e escancarou a corrupção existente no país, em todos os níveis e sem distinção de partidos ou ideologias e, sem entrar em discussões políticas, acredito firmemente que a grande maioria dos brasileiros deve exercitar mais e de forma consistente, a cidadania. Entendo a cidadania como a prática dos direitos e deveres de um indivíduo em um Estado, que sempre devem andar juntos.
Não me canso de repetir a frase de Joseph-Marie de Maistre, registrada em uma carta em 1.811 e publicada 40 anos depois:
"Toute nation a le gouvernement qu´elle mérite", ou seja, "Toda nação tem o governo que merece".
Neste ano vivi mais um susto, enfartando em novembro último e, mais uma vez, fui abençoado com a permissão de continuar por aqui, prosseguindo com meu resgate. Novamente, tenho muito a agradecer a todos os meus colegas e amigos, por mais demonstrações de preocupação, solidariedade e carinho, que certamente foram fundamentais para minha permanência "deste lado". Eu, que sempre brincava dizendo que no dia em que fosse embora deste plano, talvez não houvessem quatro pessoas para segurarem as alças do caixão, constatei, de novo, que a maior felicidade da vida são a família, os amigos, as pessoas a nossa volta.
A tristeza recente, que, ainda dói muito, a perda do meu anjo, meu cãopanheiro, meu filho de quatro patas, Conam, faz perceber, mais uma vez, o quanto bens materiais são apenas bens materiais, quando não existem alegrias como um abanar de cauda, uma lambida, ou um abraço peludo...
Quem me deu quase tudo o que eu tenho hoje, minha família, minha voz, minha casa e que até parou de comer quando eu estava internado entre a vida e a morte, se foi e a dor é enorme!!
Agradeço de coração as quase mil curtidas e comentários aos posts sobre sua partida, em meu perfil na rede, pois percebi que todos sabiam o quanto ele representava para mim. E, principalmente, agradeço a minha companheira Monique e a minha filhota de coração, Mariana, que estão me ajudando a superar a tristeza pela partida dele...
Deixo aqui seu último olhar, antes de iniciar a cirurgia, da qual não retornou...
Para a mensagem deste ano, selecionei uma estória, de autor desconhecido e que torna bastante clara a importância dos nossos atos, para tudo o que ocorre na nossa vida:
Entrei em uma loja e vi um anjo no balcão.
– Santo anjo do Senhor, o que vendes?
Respondeu-me:
– Todos os dons de Deus.
– Custa muito caro?
– Não, tudo é de graça.
Contemplei a loja e vi vasos de vidro de fé, pacotes de esperança, caixinhas de felicidade e sabedoria.
Tomei coragem e pedi:
– Por favor, quero muito amor de Deus, todo o perdão Dele, vidros de fé, bastante alegria e felicidade eterna para mim e para minha família.
Então, o anjo do Senhor preparou um pequeno embrulho que cabia na minha mão.
– É possível tudo o que pedi estar aqui?
O anjo respondeu sorrindo:
– Meu querido irmão, na loja de Deus não vendemos frutos, apenas sementes.
Plante a sua e seja feliz.
Deixo meus votos de ótimas festas, de um Natal abençoado, junto aos seus familiares e de um Ano Novo em que você consiga plantar, regar e ver crescer todas as sementes boas, que frutificarão ao longo de sua vida.
Finalizo com esta frase, atribuída a Heywood Brown, jornalista nova iorquino, fundador do The Newspaper Guild, falecido em 1939:
"Contaram-me que os peixes não se importam de serem pescados, pois têm o sangue frio e não sentem dor.
Mas não foi um peixe que me contou isso."
Procure sempre colocar-se no lugar do outro, antes de qualquer atitude ou palavra e
FELIZ 2017!!
Descanse em paz, Conam!!