Entrando no horário de verão, me deparei, no Canal Futura, com o filme A Greve, do diretor Sergei Mickhailovitch Eisenstein,
Filmado entre julho e outubro de 1924 e montado em dezembro do mesmo ano, as primeiras apresentações aconteceram em março de 1925. Uma iteressante obra do cinema mudo russo.
Analisa de modo peculiar, um processo revolucionário e não apenas uma mera descrição de seus lances. Eisenstein trabalha com a montagem, o paralelismo e a introdução de imagens simbólicas.
Os animais se tornam peças importantes do filme, com as primeiras cenas mostrando animais saudáveis e no final, um boi aparece no matadouro como forma de comparar com a morte dos grevistas pelo governo, que também não deixa de representar a classe de trabalhadores.
Os empresários e membros do czarismo são representados de formas estereotipadas se mantendo fiéis à realidade, bebendo uísque e fumando charutos. Mickhailovitch trabalha com montagens audiovisuais e as seqüências das cenas terminam com um plano de efeito sonoro por meio de características exploradas com objetivos visuais.
Fortemente marcado pela luta capital X trabalho, trata essencialmente da ascensão da classe trabalhadora sobre o capitalismo. O ideário político de Mickhaillovitch é característico neste filme. Os diretores russos foram os pioneiros da linguagem da teoria e da estética cinematográfica, sugerindo e definindo padrões que influenciaram realizadores por todo o mundo.
Afinal, após a Revolução de 1917, com a criação da União Soviética, as produções cinematográficas se tornaram peças estratégicas para propagandas político-ideológicas. Os filmes desse período eram obras que, não por acaso, exaltavam a força e o heroísmo do povo russo. Produções assim foram financiadas, bastante estimuladas e amplamente distribuídas pelo Estado.
Eisenstein foi coerente com seu princípio, com sua técnica e com seu tempo, interfaceando com a Vanguarda Russa.
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