Sim, é a foto de um CTI, Centro de Terapia Intensiva, ou, segundo palavras de meu finado pai, antessala da morte.
E, após ter estado por mais de dois meses num CTI, reverencio, mais uma vez, as palavras de meu querido e amado pai.
Foram 3 paradas cardíacas, ao longo de 2 meses e meio de internação, sendo 27 dias em coma. Uma traqueostomia e três entubações. As consequências, em termos de debilidade, devem levar 1 ano para serem superadas.
Neste post quero ressaltar dois pontos: o profissionalismo do corpo médico e a dureza no tratamento do corpo de técnicos.
Quanto ao primeiro, decididamente salvaram minha vida, dando o melhor de si e de sua formação, emocionando-se com meu estado e com minha recuperação.
Quanto aos segundo, também pessoas imbuídas das melhores intenções possíveis, porém, demonstrando o quanto a desqualificação da mão de obra no Brasil pode prejudicar uma profissão tão nobre e importante.
O simples banho num paciente que está imobilizado a mais de 1 mês, pode ser extremamente doloroso, caso os técnicos de enfermagem envolvidos não se deem conta de que o corpo perdeu todas as fibras musculares, em função da medicação recebida e qualquer toque pode ser muito doloroso. A permanência no ambiente hospitalar, todos sabem, aumenta o risco de infecção e o corpo técnico, sem parar para digerir esse risco, deixa um paciente que fez suas necessidades no fraldão ou na cama, sem a necessária limpeza por horas.
Voltando ao ambiente do CTI, um lugar que não tem janelas e não te permite saber se está de noite ou de dia, com equipamentos de monitoração diversos apitando, bipando e outros 'andos" mais, nos seus ouvidos, seu corpo furado e com acessos venosos trocados a cada 4 dias, alguns dos seus "vizinhos" chorando, gemendo e gritado a todo momento, só pode receber o nome que titula este post.
Pelo menos sei que a medicina evoluiu o suficiente para ter me permitido uma nova chance de vida, após viver um momento em que descobri que a água é o bem mais precioso que existe e as pessoas ao meu redor não podiam dar-me a hora que eu quisesse.
Finalizo agradecendo ao corpo médico do hospital Niterói D´Or pelo profissionalismo e, principalmente, pela emoção com que se atiraram ao meu atendimento e ao corpo técnico e de enfermagem, porque sei que fizeram o que entenderam estar ao seu alcance, não esquecendo as emoções, também.
Também tenho muito a agradecer aos amigos e colegas, de todo o Brasil e até do exterior, que acompanharam os acontecimentos, orando pela minha recuperação e pedindo por informações diariamente. Acreditem, foi como um cobertor adicionado ao meu frio.
Somando-se tudo aos esforços do meu anjo da guarda, minha futura esposa, permitiram que eu prosseguisse em minha jornada terrena.
Hoje, convalescendo num hospital de cuidados extensivos, fazendo fisioterapia e fonoaudiologia, relembro que o coma não é um estado absoluto e que, ouvimos e eventualmente vemos, ao nosso redor. Sem contar as tentativas de "identificar" o estado de morte ou não.
Mas isso fica para outro post...