Em 2021 a pandemia prosseguiu, graças a um mundo insano. Creio que a experiência vivida no ano passado não nos ensinou quase nada. Sinto muita tristeza ao constatar o quanto falta ainda para evoluirmos como seres humanos.
Os limites necessários para ao menos remediar a pandemia, foram desrespeitados por muitos, preocupados com a discussão política, esquecendo da discussão técnica, com rigor científico e sem polarização. Assim como em 2020 o ser humano deixou de lado o senso crítico e o respeito ao outro, indispensáveis para a harmonia do mundo.
A mídia continuou preocupada em nos impor opiniões, em vez de apenas informar, insistindo num ridículo espetáculo de sensacionalismo.
Repetindo o que escrevi ano passado, vírus não tem credo, religião, ou partido político. Mas tem mais facilidade para fazer vítimas, devido a insana polarização. Os riscos da doença dependem tanto de medidas sanitárias, quanto de ignorância, desrespeito e politização da doença...
Continuo amando viajar e em mais um ano isso não foi possível. A bem da verdade fui a São Paulo e a minha amada Santos duas vezes, para ver meu filho e amigos queridos.
Continuo rogando por um 2022 melhor e orando por toda minha família, amigos e colegas.
Neste ano, como mensagem de Natal, reproduzo a parábola Gansos na Neve.
Para os cristãos, o Natal tem um sentido e valor único: recordar o momento no qual Deus, através de seu filho, nos visita como humano. Por amor faz-se homem e compartilha 33 anos conosco. Passagem breve, mas que foi um divisor de águas em nossas vidas. Trouxe-nos uma mensagem de amor, paz, bem e perdão a todos os homens.
Era uma vez, um homem que não acreditava em Deus. Não tinha escrúpulos de dizer o que pensava sobre a religião e as festividades cristãs, como o Natal. Sua mulher, ao contrário, era crente, apesar dos comentários desdenhosos do seu marido.
Nevava na véspera do Natal, a mulher se dispunha a levar seus filhos à Igreja da localidade campesina onde viviam e pediu que seu marido lhes acompanhasse, mas ele negou.
Que besteira! Por que Deus viria para a terra adotando a forma humana? Que ridículo!
As crianças e a esposa foram e ele ficou em casa. Os ventos começaram a soprar com maior intensidade e desencadearam uma tempestade de neve. Observando pela janela, tudo o que ele conseguia ver era uma tempestade ofuscante e decidiu relaxar sentado diante da fogueira. Depois de um tempo, ouviu um baque na janela, logo ouviu um segundo golpe forte e olhou para fora, mas não conseguiu ver mais que uns poucos metros de distância. Quando acalmou a nevasca, aventurou-se a sair para ver o que havia golpeado a janela e encontrou dois gansos mortos e um bando de gansos selvagens em seu portão.
Pelo visto, iam a caminho do sul para passar o inverno e se viram surpreendidos pela tormenta. Perdidos, terminaram naquela granja sem abrigo ou alimento.
Batiam as asas e voavam baixo, em círculos pelo campo, cegos pela nevasca, sem seguir um rumo fixo. O agricultor sentiu pena dos gansos e tentou ajuda-los.
Seria ideal que ficassem no celeiro, pensou. Ali estarão abrigados e salvos da tempestade.
Dirigindo-se ao estábulo, abriu as portas e aguardou com esperança que as aves vissem que estava aberto, mas elas limitaram-se a revoar dando voltas, sem sequer se darem conta do celeiro. Ele tentou chamar a atenção das aves, mas só conseguiu assusta-las e elas se distanciaram mais. Entrou em casa, saindo com um pedaço de pão e foi partindo em pedaços e deixando rastros até o estábulo, mas os gansos não entenderam.
O homem começou a se sentir frustrado, correu atrás deles tocando-os em direção ao celeiro, mas a única coisa que conseguiu foi assusta-los ainda mais. Por muito tempo tentou, mas não conseguiu que entrassem no celeiro, onde estariam abrigados e seguros.
Por que não me seguem? – exclamou – Será que não se dão conta de que este é o único lugar onde poderão sobreviver à nevasca?
Refletindo uns instantes, caiu em si, entendendo que as aves não seguiriam um ser humano e pensou: Se eu for um deles, talvez possa salvá-los.
Entrou no estábulo, pegou um ganso doméstico e o levou nos braços passando entre os selvagens e rapidamente o soltou. O ganso voou entre os demais e foi diretamente para o interior do estábulo. Uma por uma, as outras aves o seguiram até que estavam todas a salvo.
O campesino ficou em silêncio por um momento, enquanto as palavras que havia pronunciado há alguns instantes ressoavam em sua cabeça: “se eu for um deles, então poderia salvá-los!”.
Pensou logo no que tinha dito à sua esposa: “Por que Deus iria querer ser como nós? Que ridículo!” e de repente, tudo começou a fazer sentido. Entendeu que isso foi exatamente o que Deus havia feito. Nós éramos como os gansos e estávamos cegos, perdidos e a ponto de morrer. Deus veio como nós a fim de nos nos indicar o caminho e nos salvar.
Ele então compreendeu o sentido do Natal e por que Jesus veio a terra, dissipando-se anos de incredulidade. De joelhos, fez a sua primeira oração: “Obrigado, Senhor, por vir em forma humana e tirar-me da tormenta”.