Apesar de ter lido o e-book, pelo Kindle, na versão em papel são 606 páginas, mostrando que a Polícia Militar do Rio de Janeiro é um grande "negócio", em todos os sentidos.
O autor defende com fervor a desmilitarização da polícia.
Escrito por Rodrigo Nogueira, ex PM, que cumpre pena em Bangu, por um crime que, segundo sua exposição, não cometeu, mas, segundo ele também, por muitos que cometeu.
Num relato, repleto de detalhes horripilantes, sobre confrontos entre PM e criminosos, ele cita Nietzsche: "Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, ele também olha para dentro de você."
Há pérolas do tipo: " O carioca, que gosta de seu jeito malandro de ser e o apregoa, acaba vítima da sua própria esperteza. Malandro demais sempre atrapalha", ou "Será mera coincidência que o estado com o maior índice de policiais assassinados seja também o que detém em suas cadeias o maior número de policiais presos por crimes contra a vida?" e "A polícia é um termômetro social. Se a sociedade vai bem, ela também vai bem, mas se está doente, é a primeira a apresentar os sintomas."
Ele não perdoa a "cultura" do funk e os chamados bailes de favela e diz: "Travestido de "expressão cultural", o funk é usado pelos criminosos como artifício que altera subliminarmente os conceitos sociais antes estabelecidos como corretos e induz o atingido a um estado de inversão de valores, passando a se enxergar ele também como o agente transgressor, o marginal. Ora, o que é mais importante para o vagabundo do que fazer com que o morador da cobertura da Conde de Bonfim aja como um bandidinho do morro do Borel?"
"Se nossos professores de filosofia e sociologia pudessem contaminar seus alunos com a arrasadora bactéria da conscientização, os bailes funks ficariam vazios, os bares fechados, as "bocas" desertas. Mas fica difícil competir com tantas bundas rebolando nos corredores da faculdade..." "...Manter as tampas dos bueiros fechadas e impedir que a luz do sol ilumine suas idéias é o esforço desesperado que os senhores do Brasil empenham como último recurso para que você continue sem enxergar o que está bem diante do seu nariz."
Reclama das diferenças entre PM´s e cidadão comuns: "Um PM condenado por homicídio qualificado, réu primário, pode ter facilmente sua pena-base fixada em 20 anos. Um cidadão comum que cometesse exatamente o mesmo ato não ultrapassaria os 14. O juiz de direito que meteu uma bala na nuca de um segurança de supermercado, porque este não o deixou entrar no estabelecimento, que estava fechado, nunca foi preso. Faz mais de 10 anos."
E continua sua salva de tiros: "... por que então, o comando da PM não autoriza a repressão à prática criminosa pelos policiais das áreas conflagradas? Como disse, aquele era o arrego da ralé. Gente muito mais importante se banqueteia nesse prato sujo. É uma podridão sem tamanho, um poço de merda que, quanto mais se cava, mais bosta surge.!
Nem o BOPE escapa das críticas do autor, muito menos gente como a juíza de São Gonçalo, executada na porta de casa poucos anos atrás e que, segundo ele, era amante de um traficante e de um policial. Faz citações que considero lugar comum, do tipo: "Não acredite em tudo o que a mídia diz".
Finaliza expondo as injustiças da sua condenação, expondo um sistema judiciário podre e admitindo que merece estar preso, mas não pelo motivo que o condenou.
Uma narrativa que exagera um pouco nos detalhes, pintando tudo com tintas muito fortes, mas ainda assim, me pareceu a verdade sobre a PM do Rio de Janeiro e os moradores da região...
Recomendo a leitura!!