sábado, 9 de junho de 2012

Europa 2012 - XIV

Uma pena, mas não deu tempo de ver Lausanne direito e tenho que pegar o trem, agora o TGV Lyria, para Paris.
O dia amanheceu agradável...
Após o café da manhã, o checkout e a gerente do hotel apareceu para me oferecer uma garrafinha de água mineral como cortesia e desejos de regresso. Muito legal...
Peguei um táxi para a estação e paguei com euro, mas o troco foi em franco suíço, já que eles também não abrem mão da moeda nacional. Resultado: apesar da cotação ser de 1 euro para 1,2 francos, tive que trocar o troco (essa é boa), na casa de câmbio da estação e aí pagaram 29 euros por 40 francos suíços. Fazer o que?
Outro detalhe sobre dinheiro, é que na Hungria, quando você paga as coisas com euro, eles não aceitam moedas, apenas cédulas
Bem, pontualidade quase suíça (4 minutos de atraso) e o belo TGV parte às 12:22 hs. Destino: Gare Lyon, Paris.
Este, sim, o verdadeiro trem expresso. Velocidade: 270 quilometros por hora. Confortável, silencioso.
Um pulinho no bagão-restaurante pra uma Edelweiss Blanche aromatisse aux herbes des montagens (só o nome dá sede...).

Uma coisa que me chamou a atenção, dentro do trem, é que quando um celular toca, a pessoa que atende, geralmente, levanta de seu lugar e vai para o espaço entre vagões para falar. Nos vagões há um adesivo afixado, com uma carinha de sono no celular Isso é que é respeito pelo semelhante. Há, velho mundo, temos muito a aprender ainda...
E, 16:17 hs, Gare de Lyon. Paris, je suis arrivé!
Olha como o TGV é bonito:
A bela estação Lyon.

A Gare Lyon por dentro estava com o movimento de pessoas absurdo e levei muitos minutos até encontrar onde guardar minha mala. Encontrei e, para entrar, a revista é igual a do embarque em aeroportos, com guardas armados, detector de metais e tudo. É o medo de malas-bomba! Paguei 7 euros para guardar a minha, que não era bomba e sai para dar uma exploradinha nos arredores, antes de ir para o Charles de Gaulle.
Infelizmente, se eu não conhecesse Paris, teria me desinteressado dela.
Os arredores da estação estavam piores do que os da rodoviária do Rio ou de São Paulo. Mendigos e toda a sorte de pedintes, imigrantes, provavelmente ilegais, muitos com cara de batedores de carteiras... Chegava a assustar!
Bem, estava um calor sufocante de 36 graus e, lentamente, fui caminhando pela Rue de Bercy, até chegar ao canal do Sena, que dá ao Port de l´arsenal.
Muita gente tomando sol, crianças, jovens, típico clima de verão. Imagens sempre belas!

Após saborear os jardins ao longo do canal, fui até a Place de La Bastille, com sua Colonne de Juillet.
Começou a se aproximar a hora do rush em Paris e achei melhor, então, voltar à estação, recuperar minha bagagem e pegar o RER para o aeroporto.
Aí, claro, rush é rush, em qualquer cidade grande do mundo, né. E o famoso mal humor francês, então, se manifestava a cada segundo. Na estação, um corre-corre em todas as direções. Trens, RER, metrô, ônibus...
Eu não entrei no RER, eu fui "entrado", porque quando dei por mim estava no vagão e com a mala junto, ainda bem. Parecia uma vagão do metrô ou trem no Rio de Janeiro: super lotado, sem ar condicionado, sujo, mal conservado. Como as coisas pioraram por aqui!
Enfim, após algumas estações, já no subúrbio, o vagão começou a esvaziar e eu até consegui um lugar para sentar. Cheguei ao Charles de Gaulle por volta das 19:30 hs e fui ao check in da Tam. Despachei minha mala pelo balção de bagagens fora de formato, já que a alça dela, cismou comigo e não recolhia de jeito nenhum e fiz um lanche, chateado porque a validade do meu cartão Fidelidade Vermelho havia expirado no mês passado, porque em 2011 voei pouquinho... rs. Ou seja, sem direito a sala vip da star alliance.
Aproveitei para comprar uma mostarda de Dijon, au vinaigre, uma das melhores que já provei e um pouco de foie gras de canard.
Depois, 21:50 hs, portas do airbus fechadas e lugar quase a vontade, pois o vôo estava com cerca de 60% de lotação apenas. Bom, sem aperto. O jantar e pausa para rememorar os últimos 15 dias, desde que sai de casa...

Foram 2 aviões, 10 trens, 1 barco, 2 bondes, 1 RER, 1 bicicleta e mais de 100 horas de caminhadas. Frankfurt, Viena, Praga, Budapeste, Zurique, Chur, St. Moritz, Zermatt, Visp, Lausanne e Paris. Ao todo, 6 países... continuo conversando comigo mesmo em vários idiomas... rs

Pra finalizar, encontrei, outro dia, um poema, num site luso, creio que o autor é Elder Prior, o qual vêm bem a calhar:

O VIAJANTE

Eis que se abrem as portas do mundo, obscuro e luminoso,
Do útero aconchegante você cai em um mundo cheio de caminhos,
E o que você primeiro enxerga são faces de pais orgulhosos,
Mas você mal sabe que seu caminho, trilhará sozinho.

Quando você entende que o mundo é mundo, tudo é obscuro,
Seus pais são deuses que te levantam e te mostram o que é a vida,
As escadas são longas e distantes, você tem que quebrar os muros,
Amarga é a água que fica para banhar as feridas.

Mas você está aqui de passagem, olhe como o mundo é luminoso!
Um mundo feito de arco-íris para maravilhar aquele que viaja,
Aquele que se conscientiza que é um viajante verá seus dias gloriosos,
Viajando por lugares difíceis e tortuosos pelos quais tu engajas.

Aquele que percebe que tudo é uma viagem,
Não se prende em nenhum lugar,
Pois sabe que todo lugar é uma prisão, da qual deleita o coração,
De que adianta viajar tanto pelo mundo,
Carregando consigo desejos milhares,
E milhares serão as coisas a deixar,
Nos lugares por onde despertou variadas paixões.

Eis que se fecham as portas do mundo, luminoso e obscuro,
Ao útero eterno você cai livre de sua viagem e de seu mundo,
E o que você por último enxerga é o quão tolo se tornou,
Mas você mal sabe que o seu caminho ainda não terminou.


Minha mente ainda vai viajar várias vezes, a viagem feita...
Estou feliz, muito feliz!!!

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