sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Canção do poeta difícil


A minha pena é áspera; a folha, que nem zinco!
Onde a cantiga tão doce
Que o meu amor cantava?
As palavras ficam-me nas linhas como urubus
plantados na cerca.
Quando eu era um passarinho
Morava numa gaiola
Que eu pensava que era um ninho...
Mas até onde, até onde eu vou puxar esta carreta?!
Quando eu era pequenino
Não usava ponto-e-vírgula...
Onde o arroio tão puro
Que de tão puro sumiu?"

(Mário Quintana)

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