sexta-feira, 27 de maio de 2011

Você vai conhecer o homem dos seus sonhos

O título do novo filme de Woody Allen é irônico. Sarcástico seria um adjetivo mais fiel ao trabalho do neurótico nova-iorquino. Quem se guiar pelo elenco estrelar e tiver a expectativa de ver um conto de fadas com personagens que vivem felizes para sempre, escolheu o filme errado. De saída, o filme faz uso do narrador, muleta constante dos filmes de Allen. O filme olha para seus personagens e, em última instância, para a vida, como: uma fugaz passagem de tempo a qual, mesmo desimportante, damos muito valor. Sofremos, rimos, achamos que o mundo vai acabar logo após uma decepção, somos encurralados pelos medos, capturados pela insegurança. Mas por que damos tanta importância para tudo isso?
Woody Allen, em vez de mergulhar nas dores de seu personagens, decide observá-los depois da tormenta. Quer dizer, eles estão lá sofrendo: Roy não consegue escrever um bom livro, Sally não realiza o desejo da maternidade, Helena não supera a separação após 40 anos de casamento. Eles sofrem, mas o olhar que o diretor e roteirista dá é de quem já passou por isso, ou seja, já consegue observar o ridículo que há no sofrimento – algo que só se percebe quando nos livramos dele, quando o triste é passado e olhamos comicamente para os episódios que roubaram tanto de nossas energias.
Este é o cinema recente de Woody: ele tem à sua frente uma forte matéria humana, porém decide se desviar dela para aliviar tanto para seus personagens como para o espectador. Digamos que ele olha apenas para a Lado B de seus personagens.
A proposta, creio, é justamente olhar para o ridículo do sofrimento e ele faz um ligeiro e palatável ensaio sobre a vida.
Bem, Woody é um diretor prolífico de comédias dramáticas, não de filmes existencialistas. Ele não é um Ingmar Bergman.
Quer saber? Eu gostei e muito!

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