Logo após sair de um avião que acabara de pousar, o lento e desinteressante trajeto realizado por um rapaz através de uma esteira automática é acompanhado por magníficas câmeras. Durante este trajeto, absolutamente nada acontece, a não ser algumas pessoas que passam ao lado do indivíduo cabisbaixo, inexpressivo e cheio de incertezas, sem nem ao menos notarem o sujeito. Aparentemente a cena não tem praticamente nada de interessante, a não ser é claro, a música “The Sound of Silence” e a perfeita direção de. Contudo, é com o passar do tempo que o espectador conclui que tal cena retrata, na realidade, a vida medíocre e insossa do protagonista. Um rapaz cuja existência se resumiu a estudar, consumir bens materiais que não lhe trouxeram nenhuma satisfação pessoal, receber proteção exacerbada por parte dos pais e é claro, conviver em um mundo onde pessoas entram e saem de sua vida, deixando um inconfortável vazio na mesma. São cenas como esta que transformam “A Primeira Noite de um Homem” em uma comédia romântica incrivelmente superior às demais produzidas atualmente. O longa, brilhantemente dirigido por “Nichols” (uma das melhores e mais revolucionárias direções de todos os tempos), apresenta críticas a vários estereótipos encontrados nos anos 60. Temos aqui a retratação de uma sociedade hipócrita onde maridos não dão atenção às esposas por pensarem apenas em negócios, mulheres solitárias que decidem trair seus esposos com a primeira pessoa inocente que aparecer em sua frente e, principalmente, jovens que passam a vida toda sendo pajeados materialmente pelos pais e são lançados ao mercado de trabalho sem ter certeza de nada do que querem. Pena que inicia de maneira muito artificial o romance entre Ben (Dustin Hoffman, perfeito) e Elaine (Katharine Ross, linda e meiga). Aliás, todo o elenco fala pelo olhar.
“Hello darkness, my old friend,
Ive come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.
“Hello darkness, my old friend,
Ive come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.
…In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of
A neon light
That split the night
And touched the sound of silence.”
Narrow streets of cobblestone,
neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of
A neon light
That split the night
And touched the sound of silence.”
A Primeira Noite de um Homem é um belo filme, com detalhes minuciosos e perfeitos que fazem toda a diferença. Ágil e livre de clichês, mesmo com cenas que já foram vistas em outros lugares, não tropeça um único segundo, a não ser por algumas cenas que se mostram arrastadas demais, mas fora isso, o filme se torna agradabilíssimo e uma comédia romântica inesquecível e até mesmo polêmica. Um retratado fiel tanto ao modo de viver dos anos 60 como uma aula de como se fazer cinema com o mestre Mike Nichols, onde tudo é belissimamente caprixado, desde a fotografia diversa até as hilárias e inusitantes cenas. Um filme memorável, um verdadeiro marco do cinema, que jamais será esquecido.
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