quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bravura indômita

Os irmãos Cohen já se estabeleceram como cineastas extremamente sólidos. A filmografia deles é algo invejável, quase sempre com ótimos trabalhos e às vezes com obras-primas, como Fargo e Onde os Fracos Não Tem Vez. Bravura Indômita pode não merecer o epíteto de obra-prima, mas sem dúvida representa toda a qualidade e estilo do cinema dos irmãos.

Assisti hoje, dois dias antes da estréia no cinema e digo que aqui temos a primeira real incursão dos Cohen no western e o resultado não poderia ter sido melhor. A madura garota Matie Ross só tem uma ideia na cabeça: caçar o homem que matou o pai dela, em qualquer lugar em que ele esteja. Ela contrata um marshal para ajudá-la nessa empreitada, apesar do mesmo passar tempo demais com álcool no sangue. Rooster Cogburn, interpretado com todos os atributos que podemos esperar de um ator tão bom como Jeff Bridges. O elenco é excelente, assim como o roteiro e a fotografia de Roger Deakins, que com facilidade transmite o clima do velho oeste.

Bravura Indômita também contém o humor peculiar dos irmãos, dessa vez numa intensidade maior do que o normal, principalmente nos primeiros trinta minutos. Diálogos um tanto cínicos são pronunciados de maneira natural pelos atores, garantindo nosso riso. Como exemplos, quando Rooster fala que não paga por whisky, já que confisca tudo como homem da lei e também quando o personagem de Matt Damon diz que no Texas ele ficou tantos dias sem água que bebeu água suja de uma pegada de cavalo e ficou feliz por isso. Quando o assunto é violência, as coisas ficam bem sérias e rapidamente voltamos a sentir o perigo do ambiente hostil. Os Cohen conseguem fazer essa transição com naturalidade. Como ponto negativo, acredito que o filme perde um pouco da força quando tenta buscar um certo sentimentalismo nos personagens, mas nada que incomode de fato.

O roteiro do filme é realmente muito interessante e te prende a atenção desde o início, deixando a gente na vontade de ver o que vai acontecer. E o que ajuda nisso também, são os personagens engraçadíssimos: Cogbrum e LaBeouf tentam ser durões, mas eles conseguem ser bem engraçados, graças a Jeff Bridges e Matt Damon: Cogbrum é um velho que bebe toda hora e acha que é o dono da razão; e Labeouf é um "Texas Ranger"que se orgulha por ter passado necessidades em uma de suas aventuras, e fica se gabando por ser um "Texas Ranger". Jeff e Matt estão ótimos nos papéis, e conseguem com facilidade cativar o público e nos fazer rir, com as brigas que eles têm por se acharem um melhor do que o outro.

Além disso, o filme tem um belo final, melancólico, bonito e muito bem planejado pela história do filme, e pelos sentimentos que os personagens tem entre si. No fim, Bravura Indômita é um excelente filme que relembra o gênero faroeste de antigamente, com direitos a batalhas e revanches com arma e tudo. O longa pode ser um grande concorrente ao prêmio de melhor filme, além de ator e atriz coadjuvante; esse último prêmio é muito merecido para a atriz Hailee Steinfield. Mas eu pensei que ia ter um elemento básico dos filmes de faroeste: os famosos duelos entre o vilão e o mocinho, onde apenas um deles sai com vida. Bravura Indômita estreia nos cinemas nessa sexta feira, dia 11 de fevereiro. Uma curiosidade: os diretores Joel e Ethan Cohen não assistiram o filme original, lançado em 1969. Eles não queriam fazer uma cópia do original, e sim uma versão deles baseado no livro que deu origem ao longa original.

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