Brisseau mexe conosco, mesmo com aqueles que sabem que tudo faz parte do universo de um filme. Os últimos filmes de Brisseau falam exatamente da perversão e do prazer em observar pessoas que observam outras, e ao observar outras, observam a si mesmas. Ele fica num meio caminho entre um sábio místico e um grande charlatão oportunista. Combina sexo com poder, quer arremessar na cara do espectador, sem meios tons, a possibilidade de viver em liberdade desfiando na tela supostos tabus, e como o sexo desperta fios íntimos do corpo e da alma, e como viver em liberdade plena é impossível, é nos aproximar do suicídio e da loucura (sem falar na marginalidade), ou ainda, como a sociedade irá reprimir com violência a possibilidade de vivermos em liberdade, de não sermos domesticados, de vivermos de forma plena. Falso pornô soft, filmado com uma decupagem simples, falso charlatanismo, como a própria hipnose nos parece apontar, falsa filosofia de botequim. Filme de falsas aparências, filme sobre a possibilidade do êxtase num mundo materialista (ou esse êxtase seria apenas loucura?).
A L'Aventure é um Brisseau: coerente e fantástico!
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